quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Rupturas de corpo, de gênero, de sexo.


Quando eu vejo esse homem nu, que é Egon Schiele em um dos seus auto-retratos, penso em uma sociedade menos machista, em que ao contrário do senso comum não se trata de uma mulher nua, com seu corpo exuberante dito pelo povo de "gostoso", em que se mostra um corpo seguido pelos padrões de beleza, seios fartos, barriga reta, nádegas carnudas, pernas enchutas, rosto delicado, cabelos longos e preferencialmente loiros.
Ao contrário de tantos requisitos vejo nesse auto-retrato uma quebra de tabus, em que vemos um homem magro, não malhado, como a ditatura da beleza nos impõem. E um homem nu, em que há tanta repulsa pela nossa sociedade em exibir o natural. Simplesmente corpo, o mais belo atributo humano, que sente, fala, reproduz, transa, luta, dança, interpreta, que simplesmente trás vida sobre si.
Não vejo sensualismo nesse auto-retrato e sim um rompimento, rompimento que ele incitou na década de 1910 e até hoje, sobretudo hoje são válidas para nossa sociedade machista, moralista, preconceituosa e entre tantas intolerâncias.


Esse é um outro auto-retrato de Egon Schiele e como tantos outros mostra um tipo de ser dentre tantos seres que temos dentro de nós e tantas máscaras que temos de vestir.
Temos que ser felizes, simpáticos, educados, elegantes, bem vestidos e assim seguimos vestindo máscaras, máscaras que podem estar dentro de nós ou que temos que procurar exteriormente, pois nos é exigido e se você não está disposto a seguir essas exigências será taxado pela sociedade do espetáculo.


Nessa obra que se chama Conversa, vejo mais ainda a expressão do corpo. E em uma conversa está muito presente a expressão de nossos corpos, com sinais, expressões, movimentos. E assim temos que descondicionar nosso corpo que é sempre muito mais voltado para a sensualidade que para a expressão e então efetivar esse atributo e usá-lo para tal forma de comunicação.


Aqui há uma forte expressão da sexualidade, mas não de forma vulgar e pejorativo, mas sim novamente mostrando a naturalidade das ações e necessidades humanas.
Como é belo o entrelaçar dos corpos e o efeito causado pelo ato sexual, de prazer, de amor, de amizade.

Esse é Egon Schiele pintor expressionista que foi preso em 1912 "por ter difundido desenhos imorais" e de sua cela ele escreveu "Criar obstáculos a um artista é criminoso".


Filá.

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