terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Exposição Dengo de Ernesto Neto

Ao entrar em um museu e me deparar com várias redes cheias de bolinhas coloridas, penduradas pelo teto e poder abraçá-las, balançá-las, alem dessas coisas meigas também tive vontade de chuta-las, mas houve um freio da instituição, o chute não para estragar, mas para simplesmente sentir com o pé.
Ver vários instrumentos musicais parados e esperando para ser tocados pelo público, instrumentos de variados estilos, desde piano até pandeiro.
 Estar ali, ver cores que contrastam com meu dia-a-dia preto e branco em São Paulo, estar lá e poder ouvir qualquer um, sem nem precisar ser famoso tocar um instrumento, e até mesmo eu, até sem saber tocar nada poder fazer um batuque, vou até me subestimar  e dizer que fiz uma música por que não? Quem determina o que é ou não uma música? 
 Nossa e os chocolates, balas e guloseimas, quer coisa mais propicia para adoçar sua vida?
Mesmo não os sentindo com o paladar, o olhar sobre esses doces nos faz ter lembranças de momentos de degustação dessas delicias e mesmo não acontecendo ali naquele momento só a lembrança já foi saborosa.
 Estar em um museu e me jogar em uma piscina de bolinhas, descondicionando meu corpo que vive sentado em uma cadeira na sala de aula e me fazendo lembrar da minha infância.
Infância. Devagar sobre a infância que hoje é usurpada pelo mercado das crianças que acabam querendo ser adultas, magras e sensuais, e sonham com suas profissões e não mais em voar, ser uma fada ou um herói.

 Deitar numa piscina de bolinha e relaxar, até mesmo dormir como fez um homem que estava ao meu lado.
Olhar o video de uma cena almejada diariamente pelos trabalhadores do mundo a fora, a imagem de uma praia com um homem abrindo um coco para se tomar sua deliciosa água.
Todas essas sensações podem nos fazer refletir sobre coisas esquecidas e que passam despercebidas em nosso dia tão corrido e cronometrado, e que não nos permite pensar sobre coisas tão simples.




 Essas sensações podem me fazer questionar o porque eu trabalho muito e viajo pouco, e logo não tomo a tão suculenta agua de coco.
Além dessas questões e questionamentos há uma ruptura sobre a instituição museu em que muitas vezes nos oprime e silencia,  mas opostamente me fez  ver, agir e sentir coisas tão diferentes.



Tem também as carteiras que me faz pensar a educação e tentar descondicioná-la igualmente. Todas elas em formato de gatinhos coloridos, tão criativa e inovadora. Contrapondo nossa realidade em que as escolas, em especial as de rede pública  que parecem mais presídios, pintadas de cinzas e que não tem nada de criativo e inovador.
Só faz de seus alunos robos, preparando-os para o mercado de trabalho.
Depositando sobre eles informações e não os fazendo pensar, falar, agir e criar criticamente. Sendo apenas reprodutores de um suposto conhecimento.



Essas são uma das inúmeras questões que podem surgir em nossas mentes ao visitarmos uma exposição de arte.
Questões que não devem ser apenas pensadas, comentadas, devagadas e sim serem urgentemente tratadas.


Filá.

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