quinta-feira, 10 de março de 2011
Guerra dentro da gente
Não chega ser necessário participar ativamente em uma guerra, ver mortos e feridos, pegar em armas para dizer que se sabe a arte da guerra.
Simplesmente a vida em sua luta diária, nem tanto para vencer mas somente para sobreviver nos faz ter a guerra dentro da gente. E é disso que fala a fábula de Paulo Leminski, Guerra Dentro da Gente, em que Baita uma pequena criança de família pobre e de pai alcoólatra enfrenta sua primeira luta ao ser seduzido por um velho que lhe oferece ensinar a da arte da guerra, e o menino encantado aceita e acaba sendo vendido como escravo, depois vai trabalhar em um circo alimentando os elefantes e tigres. Mesmo diante dessa triste realidade, sente falta da família mesmo não sendo das melhores e encontra poesia no comportamento dos animais que cuidava no circo. Os elefantes felizes e amigáveis, deixavam Baita subir em suas costas e sonhar em conquistar o mundo ao contrário dos tigres, que eram bravos e raivosos, ficavam sozinhos e pareciam sempre querer comer o pobre menino. Assim eram os animais e com eles Baita aprendeu a incorporar suas ações conforme a situação, bravo e feroz ou amigo e carinhoso.
Por ironia do destino quem foi tirar Baita dessa vida de alimentador de animais de circo foi o mesmo velho que o vendeu como escravo e partiu com ele sempre ouvindo a promessa de que este iria lhe ensinar a arte da guerra. Baita aprendeu a caçar e andar na floresta, até que chegam em uma ilha de pescadores de pérolas, a maioria deles não não possuia pernas, porque foram arrancada por tubarões ao mergulharem a procura das pérolas. Essa gente era muito sofrida e percebeu que tanto esforço e sacrifício era em vão, pois em um belo dia chega um enorme navio com uns marinheiros para levar as pérolas capturadas. E Baita percebe como a vida é injusta, as pessoas que sacrificavam suas próprias vidas pelas pérolas não ganhavam nada com isso, pois em pouco tempo vinham os marinheiros e as levavam, pagando muito pouco por elas.
Baita e o Velho pegam carona nessa navio e vão viver uma aventura pelos mares, pensaram ser uma aventura, mas enquanto estavam no barco tiveram que trabalhar muito. Quando chegaram em uma pequena cidade Baita e o Velho desceram do barco e foram desbravar esse novo lugar, lá havia uma feira onde vendiam muitas jóias, o velho roubou uma jóia e colocou na bolsa de Baita, o vendedor presenciou todo o furto e chamou os seguranças, Baita acusou o velho que foi levado como preso. As pessoas daquela cidade acharam Baita um homem, já não mais um menino, muito forte e o convidaram para fazer parte da guarda da cidade. Ele aceitou e foi sendo cada vez mais reconhecido por suas ações, ele até salvou a filha do rei que havia sido seqüestrada, e ao ter a companhia da princesa se apaixonou por ela. Mas ela ao sair do palácio e conhecer o mundo se apaixonou por todos e resolveu sair pelo mundo fazendo o bem ao próximo. Um dia Baita resolve voltar para o pequeno vilarejo onde nasceu, vê sua antiga casa coberta de mato e ao olhar para uma ponte onde tudo começou ele vê uma pessoa, chega mais perto e é o mesmo velho.
Nessa pequena e aventurada fábula podemos perceber a freqüente guerra que Baita enfrenta para poder sobreviver e o menino se fortalece e acaba descobrindo o mundo. A prometida arte da guerra que o velho iria ensinar a Baita foi vivenciada pelo próprio menino que aprendeu sozinho como se faz para sobreviver.
Filá.
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